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Zurraria - Dizem-me que aqui se escrevem coisas...

Zurraria - Dizem-me que aqui se escrevem coisas...

23
Out07

Kafka Tamura vs Nakata, em Haruki Murakami

Pedro Guerreiro
Talvez devesse começar por um aviso, do género: "Se quer ser escritor, não leia Murakami".
Porque é constrangedor, acima de tudo. "Kafka à Beira-Mar".
É incrível como, sem grandes preciosismos estilísticos, - não li o original, confesso, o meu japonês já teve melhores dias - se consegue um restulado assim. A prosa parece escorrida de um fôlego, e os diálogos brilhantes, surreais, perfeitos.
O surrealismo não se esgota, porém, nos diálogos. O próprio livro é uma ode surrealista, e um hino ao volte-face, à reviravolta, aos plots sucessivos, página após página.
Haruki Murakami tem muitos méritos. As referências culturais que, diálogo após diálogo, vão transparecendo, conferem humanidade ao romance. Identificação. Mesmo apesar das referências pop[ulares] serem bastante díspares das do rapaz de 15 anos, Kafka Tamura, que já leu tudo do Franz homónimo, quase toda a literatura japonesa, e ouve Schumann, Schubert, Beethoven, Puccini, Duke Ellington.
Tamura é um sonho de Murakami. Murakami tem uma obsessão pela música e explana-a ao longo do livro, muito por culpa de Kafka Tamura, à laia de alter-ego.
Uma badana do livro indica-nos uma pequena biografia de Murakami onde nos diz que foi dono de um bar de jazz, para ajudar a explicar o fenómeno.
Vou mais longe:
Murakami é fascinado pelas literacias. E usa este livro para explicar o processo.
Temos Kafka Tamura: um adolescente de 15 anos literado como um professor universitário das mais variadas áreas (talvez mais), desde a Literatura, a Música, a Política, a História.
E Hoshino, um jovem adulto que, perfeitamente ignorante, toma parte num processo em que aprende a descobrir música erudita, através de Beethoven e do seu Trio ao Arquiduque.
Entretanto, omiti os verdadeiros plots. Propositadamente.
Cito: "Viciante", Independent; "Maravilhoso", Daily Mail; "Hipnotizante", The Times.
Leiam.
22
Out07

Zurras FM

Bruno Nunes
Algum tempo depois, parece que é boa altura para renovar a colecção musical presente na nossa Zurras FM. Os 50 cêntimos e os Kanye's já lá vão, pelo que nesta edição nos viramos para o que é feito cá em casa.
Calma. Não é literalmente cá em minha casa, mas sim no país. Se bem me recordo só por uma vez apresentámos música nacional na nossa geringonça, pelo que nesta segunda vez teremos uma edição alargada.
São sete os artistas que vos trazemos, a grande maioria pessoal sobejamente conhecido do mundo da música.
Assim sendo, a parafernália musical é esta, e não necessariamente por esta ordem:

Ana Moura - E Viemos Nascidos do Mar
Dead Combo - Mr. Eastwood
Carlos Bica & Azul - P Beat
David Fonseca - Kiss Me, Oh Kiss Me
Tiago Bettencourt - Canção Simples
Clã - Tira a Teima
JP Simões - Se por acaso (me vires por aí)

Algumas são músicas de cd's com pouco mais que duas ou três semanas, coisa recente, portanto. Outras são "apenas" boa música feita por artistas portugueses.
Toca a ouvir e a deixar as vossas impressões sobre estes ou outros artistas e músicas portugueses que andam a ouvir.
22
Out07

ainda a F1

Bruno Nunes
Terminou este Domingo o 57º campeonato do mundo de Fórmula 1, no Grande Prémio do Brasil, em Interlagos, tendo-se sagrado campeão Kimi Raikkonen.
Como podem constatar pelo post anterior, este ano não vi nenhuma corrida de F1. Nada, nem uma volta, derivado da mudança do estaminé para a Sport TV.
Também já dei conta aqui no zurras de que fiquei bastante arreliado com o câmbio para o canal de cabo, que me deixa órfão pelo menos durante mais dois anos, provavelmente até mais, sabendo dos conteúdos em que a rtp anda a apostar.
Não há por estes lados conformismo, mas também não há tv cabo, pelo que a Formula 1 não passará de palavras, fotografias e vídeos provenientes da internet, a não ser que se dê alguma revolta mediática ou coisa parecida. Pouco provável.
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Gosto de Interlagos. É um circuito que propicia quase sempre boas corridas, muito por culpa da morfologia do terreno. Tal como no Mónaco ou em Spa-Francorchamps, os altos e baixos do alcatrão dão outra dimensão à dualidade piloto/máquina na luta contra os seus semelhantes.
São percursos que se adaptaram à geografia, fugindo à monotonia dos circuitos planos que florescem por esse mundo fora como fungos nos pés do tio Ecclestone.
Além do mais em Interlagos há sempre propensão para despistes, especialmente quando o piso está molhado. Os acidentes também são frequentes, e é dificil esquecer a ultrapassagem de Schumacher a Raikkonen na última volta do GP do ano passado. Memorável a despedida do homem, sem dúvida.
Interlagos não é melhor que Spa-Francorchamps, essencialmente porque lhe falta a história e uma par de curvas memoráveis como Eau Rouge ou  Raidillion, mas ainda assim a última curva a subir e consequente recta da meta feitas a fundo são aquilo para que o desporto nasceu. Pura velocidade. À bruta, como já não existe. Como havia no velhinho Hockenheim de longas rectas, ou como resta em Monza. Coisa rara por estes dias.
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Estou contente por Alonso não ter ganho nada. É bem feita, andava a pedi-las há muito tempo. Nunca simpatizei com o tipo, desde os seus tempos na Renault. Campeão do Mundo sem saber ler nem escrever, sempre disse.
Dá pena ler os periódicos desportivos do país de Cervantes. Cegos pelo extremo proteccionismo que dão a tudo o que leva o nome do país a outra paragens, para estes senhores a criança mimada em toda a celeuma que acompanhou o final de temporada é... Lewis Hamilton.
Como se diz por aí, nunca vi Hamilton mais gordo, pelo que só me posso guiar pelos números. E nos números o espanhol levou uma coça.  Alonso é  daqueles tipos que ganham campeonatos sem vencer uma única corrida, e eu não aprecio particularmente malta desse calibre.
Além disso é chibo e queixinhas, coisa que lhe valeria - caso frequentasse o recreio de qualquer escola - todo um arraial de porrada de periodicidade constante.
Tivesse eu visto esta temporada e seria - apesar de tiffosi da Ferrari - fã de Lewis Hamilton. Ainda assim fico contente por Raikkonen, especialmente por não ser Alonso o vencedor.

Update: Parece que ainda não é oficial. O importante é que não vá para Alonso.
Update ao update: Fica tudo na mesma. Nada para Alonso. Gracias señores.
21
Out07

critérios de qualidade

Bruno Nunes
a RTP1 acabou de abrir o telejornal com 3 segundos de imagens do Grande Prémio do Brasil em Fórmula 1, ganho pelo finlandês Kimi Raikkonen.
Bela noção de serviço público, naquele que - dizem - foi um dos campeonatos mais competitivos dos últimos anos.
Dizem, porque eu não vi. Graças ao serviço público.
21
Out07

E por falar em literatura

Pedro Guerreiro
O Sporting perdeu. Mereceu perder, pronto. Como quem: "raios partam se eu não consigo perder o jogo", e conseguem, efectivamente. Nas minhas conversas de café, há muito que digo não conseguir conceber que jogadores como Farnerud ou Paredes façam parte do plantel do Sporting. Não percebo. Talvez seja carência minha. E se mo permitirem os sportinguistas, cada vez duvido mais da capacidade de Paulo Bento para treinar o Sporting.
Podia, mas não precisa passar pelo sistema táctico. O Paulo Bento poderia fazer a sua equipa jogar em 4-4-2 losango, como agora se quer, no "futebol progressista" e moderno, e ter simultaneamente, uma filosofia de jogo, fio condutor, e jogadores que se soltem das amarras de um sistema táctico, como fazia, por exemplo, Nani o ano passado. E se, muitas vezes foi assobiado, muitas outras deveria ter sido, e foi, ovacionado por ser pouco menos que a chave do cinzentíssimo modelo de jogo de Paulo Bento, marcando golos, dando bolas, criando rupturas, com e sem bola.
Mas Paulo Bento não percebeu que sem a "rebeldia táctica de Nani" em Izmailov ou Vukcevic ou Moutinho, o jogo encrava, trocam e bem as bolas os centrais, o Veloso troca bem com eles, e abre passes longos, por falta de jogo lateral e acutilância ofensiva, e os golos podem surgir, como não, à mercê do qualidade individual e da inspiração de um desses jogadores.
O único jogador que vai à linha para cruzar é o Abel, mas fá-lo, apenas quando bem apoiado, e isso raramente acontece. Fora isso, bombeiam-se bolas ali logo a seguir ao meio campo. Pelo que eu percebo de futebol, por vezes adaptam-se os jogadores ao sistema, outras, adaptam-se os sistemas aos jogadores, e talvez aos treinadores progressistas fosse bom ter essa noção. É evidente que o Sporting só tem um avançado de qualidade indubitável: Liedson. Porque não, nesse caso, abrir as alas para Vukcevic, Izmailov, Djaló, Pereirinha? Sendo a Academia a melhor escola portuguesa de extremos, não seria de aproveitar o filão, que se prevê que cresça? Ficaria assim tão mais fragilizado um meio-campo com Veloso, Moutinho e Rogmanoli? A resposta a todas elas é um frágil "não sei", mas senhor Paulo Bento, faça estas perguntas a si próprio ou meta a equipa a jogar futebol. Escolha. Para futebol de merda, tenho a terceira divisão às 15H de domingo.

PS: Vou jogar Football Manager com o Sporting, só para o despedir
16
Out07

tenho visões. Serei visionário?

Bruno Nunes
Parece que David Lynch foi passear a Israel. Enquanto esteve por lá manteve-se ocupado. Ao que parece levou consigo a solução para a paz no Médio Oriente.
Ecoem portanto as rajadas de metralhadora lançadas pela malta do Hamas e da Fatah! O fim da luta está próximo e vem nada mais nada menos da mente de David Lynch.
No entanto, ao que tudo indica, a solução para a Paz (sim, paz com maiúsculas, porque não queremos cá piadas porcas envolvendo quartéis de bombeiros) no Médio Oriente não envolve aparições esporádicas de bombistas vestidos de coelhos nem argumentos sem sentido aparente.
Diz o cineasta americano que tudo se resolveria através de meditação. Generalizar a prática de meditação aos envolvidos nesta luta traria a paz naquela zona do globo, porque, diz o homem, os acordos não são mais que uma "cura superficial".
Parece que Shimon Peres nem se atreveu a comentar. Deplorável. Está visto que qualquer pessoa que vá a Israel tem que lançar à parede a sua solução, a ver se cola.
Só pode ser grande o desespero, quando chega a vez de David Lynch.
Ora eu, que nunca fui a Israel, tenho a solução para todos os problemas daquele povo. Preparem-se, porque é deveras chocante e inovador. Brilhante, diriam alguns.
Proponho então que se realize um jogo de futebol de mediatismo à escala mundial entre os envolvidos no conflito. É tão simples que fico espantado como ninguém mencionou isto antes. Genial, mesmo. Estou abismado comigo próprio.
É certo que seria um jogo de qualidade duvidosa, visto que o melhor jogador de Israel é, ou foi, não tenho bem a certeza, Haim Revivo. Ora se o Revivo era o melhorzito que de lá saiu, o jogo não seria bombástico, no pun intended.
Enfim, pensem nisto senhores da ONU. Para a segurança, basta colocar o Scolari como segurança dos "mininos", que não lhe escapava nada. Soubesse a Catalina Pestana que o homem era tão protector da pequenada e por esta altura o Bibi nem carta de condução teria ainda, quanto mais guiar uma Ford Transit pelo Parque Eduardo VII.
Um jogo de futebol. Genial. Podem contactar-me para fazer os preparativos do evento. Garanto desde já não ter problemas nas costas.
16
Out07

A Fátima Campos Ferreira dá-me náuseas

Pedro Guerreiro
O Prós e Contras, dedicado à Guerra [Colonial], na sequência da série documental "Guerra" de Joaquim Furtado, foi assustador. Mais do que aquilo que se esperaria, informando desde já, que Jaime Nogueira Pinto era convidado.
Agora, no que eu não acreditaria era que Jaime Nogueira Pinto seria relativamente moderado, se comparado a um coronel que lá andava invocando: "Se o Alaska e Porto Rico podem ser dos EUA, nós não podemos ter Angola, Moçambique e Guiné?".
Jaime Nogueira Pinto também me deixou perplexo. Diz ele que a Guerra Colonial interferiu com a sua formação ideológica. Seria à altura, à esquerda, e a Guerra Colonial fê-lo (expliquem-me...) de direita e nacionalista.
14
Out07

Lessing limpa Nobel à custa de lobby comunista e Urbano provou-o quando disse "olá bom dia"

Pedro Guerreiro
Quando eu, surpreendido com a atribuição do Nobel à desconhecida Doris Lessing, espirrei pr'aqui as minhas indignações, estava longe de imaginar que a indignação se estendesse a boa parte da blogosfera, pelo menos, vá lá, pelas razões invocadas.
As declarações - daquelas de circunstância, um gajo tem de dizer alguma coisa, não é? - de Urbano Tavares Rodrigues ao Público sobre Lessing deram azo, imagine-se, a que uns e outros conjecturassem uma espécie de conluio comunista "sueco" em que Lessing seria a escolhida por, vá lá, falta de seleccionáveis de esquerda.
A ideia é tonta por si só.
Urbano Tavares Rodrigues acha difícil que Llosa e Roth sejam nobelizáveis. É lá com ele.
Ainda vou achando graça a estas discussões. Urbano Tavares Rodrigues é um escritor comunista.  Vasco Graça Moura talvez gostasse de ser considerado escritor e poeta social-democrata (o que é isso da social democracia?) do PSD. Mas não.
Julgo que Mario Vargas Llosa e Philip Roth são nobelizáveis. Sei à partida que o Llosa é de direita e que o Roth, no mínimo não o é, e continuo a achar que são ambos candidatos. Aliás, junto-me à festa.
Junto a Llosa e Roth a minha presente leitura no pódio de candidatos ao prémio de 2008: Haruki Murakami, que não sei se é de direita, esquerda, centro ou outra coisa qualquer.
Ah, e para o ano, senhor Urbano, abstenha-se.
14
Out07

“A man's face is his autobiography. A woman's face is her work of fiction.” - Oscar Wilde*

Bruno Nunes

Aqui no Zurraria somos pessoas com bastante tempo livre, pelo que gostamos de o ocupar com actividades dignas e de cariz puramente pedagógico.
Como tal, deixamos aqui uma sugestão jeitosa para quando não há mais nada para fazer.
Enquanto andarem pelo site da agência de publicidade Mono, dêem também uma vista de olhos pelas campanhas feitas pela empresa.
Cliquem na imagem e divirtam-se.

*abençoado seja o gerador de citações...
11
Out07

E o Nobel vai para Doris Lessing! Mas que porra hã?Então o Saraiva ou o Rodrigues dos Santos? Raios

Pedro Guerreiro
É assim, esta merda?
Lixam os jogadores assim, é?
Nem 1/100000 esta senhora valia nas casas de apostas.
O Pedro Mexia diz que leu duas coisas dela e é como se não tivesse. E eu, se não li antes, não é agora que vou ler. Talvez aquele volume giro sobre o comunismo, mas nem mais um, hã?
Consolam-me assim:
"É velhota, a senhora..."

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