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Zurraria - Dizem-me que aqui se escrevem coisas...

Zurraria - Dizem-me que aqui se escrevem coisas...

30
Set07

O romance de uma vida, por Gabriel García Márquez

Pedro Guerreiro
Se crê que é capaz de viver sem escrever, não escreva"
Rainer Maria Rilke

Arrisco dizer que "Viver para Contá-la", de Gabriel García Márquez, deveria ser livro de culto para qualquer aspirante a escritor ou jornalista - ou ambos.
Neste livro de 400 páginas, Márquez expõe a sua infância e juventude, as suas primeiras e pueris experiências no ficcionismo e a entrada para o mundo do jornalismo, que lhe desagradara bastante a início. No entanto, G.G.M. toma-lhe o gosto, como elucida umas dezenas de páginas adiante, "Romance e Reportagem são filhos de uma mesma mãe".
As suas vivências são acompanhadas com citações pertinentes, suas e de outrém, pelas quais chegamos a Bernard Shaw, Rainer Maria Rilke, Lenine.
Gabriel García Márquez teve o previlégio de viver - para contá-la - um tempo e um espaço que, não sendo tão díspares assim do nosso, arrastaram com eles uma mística própria, um "romantismo", uma libertinagem e um amor pela arte que não volta.
Em termos literários, talvez um editor severo não reconhecendo Márquez, se atrevesse a cortar umas dezenas de páginas deste volume. Porém, que editor tem legitimidade para pedir a um autor como Márquez que corte do livro da sua vida momentos de quem os viveu?

Insere-se a epígrafe por duas razões. Porque esta citação é citada por Márquez no "Viver para Contá-la" primeiro, e segundo, porque é, entre outras, a minha presente leitura: "A Voz", de Rainer Maria Rilke  na Biblioteca Insólita pela Rolim. 
29
Set07

Pê Ésse Dê

Pedro Guerreiro
Diz Eduardo Pitta: "Marques Mendes talvez merecesse perder. E Menezes, merecia ganhar?".

Dentro da completa imprevisibilidade que eram estas internas, é capaz de ter vencido o mais previsível. Porém, não se diga, haja vergonha, que ganhou o melhor. Não é o melhor. Talvez nem o menos mau. Dentro do cenário de crise, surgiam duas opções. Opta-se pela manutenção da crise ou por um volte-face que desencadeie "outra" que não vem a ser senão a mesma, disfarçada com rosto diferente?
O PSD - e a direita portuguesa, de forma global, - vive dias difíceis. L.F. Menezes depara-se com um problema para o partido, que pessoalmente, é o mesmo que o seu. Definição ideológica. Se o partido está à procura de identidade ideológica, Menezes também não está seguro da sua, pelo que o problema, seu e do partido, se pode vir a agravar.
Não sei se alguém acredita que Menezes, ou fosse Mendes, conseguiriam disputar as próximas eleições. Portanto, aponte-se o futuro (?) do PSD para mais longe. Com os pesos pesados, os políticos sérios do partido a pegarem nele. Expulsando o Partido Socialista de terrenos idelológicos que não são seus, repondo a verdade ideológica e intercedendo a bem da democracia.
27
Set07

assim não vale

Bruno Nunes
Há momentos passou na rtp1 um compacto da Operação Triunfo com bolinha vermelha no canto superior direito.
Ainda esperei alguns momentos na expectativa de que a Silvia Alberto fizesse algum strip ou coisa que o valha, mas nada. Apenas publicidade enganosa. Como diria o Unas, a rtp não é boa onda.
27
Set07

Ultimato, outro que não o inglês

Bruno Nunes
Algures no filme "Virgem aos 40 Anos", a personagem de Paul Rudd, ao ver imagens de Identidade Desconhecida, o primeiro da até agora trilogia Bourne, apresenta esta tirada: "Y'know, I always thought that Matt Damon was like a Streisand, but he's rocking the shit in this one!".
Muitos concordarão decerto com esta constatação. Antes da chegada de Jason Bourne aos cinemas, Matt Damon era o franganote frágil e pseudo-sensível de O Bom Rebelde e o soldado Ryan de que meio mundo andou à procura. É certo que em Dogma de Kevin Smith a coisa começou a endireitar-se, talvez um pouco antes, mas a verdade é que até à estreia de Identidade Desconhecida o homem sofreu do mesmo síndrome que Di Caprio, visto que a cara de rapazinho assustado não lhe dava grande protagonismo.
Di Caprio conheceu Scorsese e Damon foi apresentado a Jason Bourne, pelo que as coisas começaram a mudar. Bem sei que ainda não conquistou toda a gente, o que será dificil, mas pelo menos neste momento já se apresenta  como assassino credível, como neste caso, o que seria impossível  antes de Bourne.
Diz o crítico de cinema João Lopes, na sua crónica no DN , que "Jason Bourne não tem estatura nem classe para se tornar no "novo" 007". Pergunto eu a João Lopes, com todo o respeito, se terá visto este filme ou algum dos anteriores. Sinceramente não me parece que tenha apreendido a essência deste anti-herói numa época de anti-heróis. Eu próprio não li a/as obras de Robert Ludlum, portanto estou longe de saber como seria a personagem no papel. Ainda assim não será arriscado dizer que Jason Bourne está tão longe de James Bond como os Sex Pistols estão dos Beatles.
Não creio que fosse intenção de Paul Greengrass ou melhor, de Matt Damon, criar o novo Bond, como herói estereotipado que luta contra o mal, fica com a gaja boa e à noitinha vai emborcar martinis à força toda para o bar de um casino ou resort qualquer. Compreendo que João Lopes queira insinuar que Bourne não tem estofo para ser o herói cinemático da juventude, mas a comparação é de tal modo ridícula que surpreende, vinda de quem vem, ou se calhar não, dependendo da perspectiva.
O forte da história de Bourne sempre foram as cenas de luta e as perseguições, pelo que desta vez somos premiados com mais festivais de porrada e armas improvisadas no momento. De facto, cada vez que vejo uma cena de luta em qualquer dos três filmes vem-me sempre à memória o Vincent de Tom Cruise em Colateral, pelo estilo frio, automatizado e eficiente de resolver os conflitos físicos. Mas esperam lá, antes de Vincent já havia Jason, pelo que a premissa em si está errada, ainda que as duas personagens tenham mais que muito em comum.
Enfim, este "Ultimato" não destoa dos antecessores "Identidade Desconhecida" e "Supremacia", constituindo um bom filme de acção, num ano em que a coisa tem andado fraquita no género.
No fundo, a única espinha que me ficou atravessada na garganta não foram nem o suposto modo abrupto/nervoso com que Greengrass dotou a película (para quem está habituado mal se nota meus amigos, e isto vindo dum tipo que fica enjoado só de estar sentado), nem os buracos narrativos, se é que podemos ser picuinhas. O problema principal prende-se com o facto do final do filme ter deixado a porta aberta para outra sequela.
Não me levem a mal, eu gosto da personagem e dos filmes, mas estará este mundo tão mal de criatividade para termos que levar com mais de dez franchises por ano nos cinemas? Será que ninguém aprendeu nada com o Rocky V? É retórica, escusam de responder.

27
Set07

Um dia Gregor Samsa acordou, e outrora insecto, fez-se gente. Samsa estranhou o seu novo corpo.

Pedro Guerreiro
Se existe homem que tem feito a sua carreira política à custa dos media, esse homem é Pedro Santana Lopes e, uma vez bestial, agora já besta, tem marcado firme as suas pretensões.
Ontem, voltou a estar nas bocas do mundo, mesmo sem namorada nova ou inauguração de discoteca: abandonou a entrevista da SIC Notícias, quando a interromperam a meio para um directo da chegada de José Mourinho a Portugal.
A coisa reflecte o estado de algum jornalismo em Portugal, - SIC Notícias, enquanto canal de referência - e, Santana, políticas à parte, ganhou alguns pontos aos portugueses.
Numa altura em que o PSD está com eleições à porta e em crise mais ou menos aberta, seria um exercício interessante pensar que hipóteses teria Santana Lopes na corrida à liderança do partido, a par de Luis Filipe Menezes e Luis Marques Mendes. Uma coisa é certa. O PSD é um partido sem rumo, com problemas em fazer confluir todos os "partidos" que em si congrega, e há uma pergunta a ser feita. O que é o Partido Social-Democrata? E se/ quando esta pergunta for respondida, haverá quem tenha que re-definir as suas orientações e pensar: É nisto que "eu" - não eu, que me afasto de qualquer dos "partidos socias democratas" - acredito? E provavelmente não será.
24
Set07

Torre Bela

Pedro Guerreiro
Fui ver o documentário "Torre Bela" ao King, rebocado pela avalanche de críticas positivas dos Ípsilons e afins. A obra, de 1975, é um bonito ensaio. Ao Portugal profundo; ao PREC; à ignorância; no fundo, ao legado do Estado Novo.
O documentário decorre no Ribatejo em pleno período revolucionário, e toma o mote de um conjunto de pessoas, camponeses, bandidos, revolucionários ou simples vagabundos que ocupam uma grande propriedade com um "palacete" incluído - Quinta da Torre Bela -, expropriada ao Duque de Lafões, que como todos os latifundiários se ocupou mais com a sua fuga - que significa, no caso, a sua vida - do que com as propriedades que não conseguiria manter.
A pobreza e ingenuidade dos ocupantes, que vasculham nas gavetas da casa dos ricos, procurando algo que lhes sirva a cada um, é desarmante. Um camponês encontrando um cachimbo rejubila, para os camaradas: "Olha um charuto!"...
Nesta quinta, - que seria ocasionalmente utilizada para reuniões da PIDE, - dá-se uma ocupação que, insegura a princípio, vem a ser encorajada pelos membros do MFA: "Ocupem. Depois de ocuparem, logo...". O período revolucionário dá-se assim. A reboque de força e muita anarquia. E é esta anarquia que se instaura na Torre Bela. Sucedem-se os discursos, entre muita ilusão e muita fé, mas também muita ingenuidade. Nas dezenas de pessoas que se tentam organizar dentro da quinta confluem muita ignorância e alguma vontade, mas existem entraves inultrapassáveis. A cooperativa fracassa, dia após dia, pelos problemas óbvios e primários: a receita e a alimentação seriam comuns, enquanto a força de (vontade) trabalho, bastante divergente. Esta situação cria desconforto, porque, no fundo, as pessoas começam a rejeitar este tipo de organização. O processo revolucionário sugeria o cooperativismo, mas os indivíduos, arreigadamente comunistas, rejeitavam-no.
A questão põe-se, a dada altura, a um camponês, que, proprietário de uma enxada, confrontava um outro camarada, que lhe dizia que a sua enxada seria agora da cooperativa, enquanto que este riposta que tinha pago pela dita enxada. E segue-se um diálogo hilário, argumentando um que a cooperativa serviria para melhorar o seu tipo de vida e o tipo de bens de que poderia usufruir mesmo estes não sendo exactamente "seus", e outro dizendo que agora teria de andar nu, porque a sua roupa já não era sua, mas sim da cooperativa.
Existem momentos hilariantes, mas é mais curiosa a situação que retrata bem o PREC e o período revolucionário, incluindo a adjacente liberdade vagamente anárquica em que se encontrava o país. Li algures uma citação de alguém famoso que dizia a verdade de "La Palisse" de que o Comunismo não funcionava porque as pessoas querem ser donas de coisas. Mais ou menos assim. E é. O Torre Bela é um tratado ao "fim do comunismo", por essa e pelas outras razões.

16
Set07

1968-2007 / 25 vitórias no WRC / 1 título mundial

Bruno Nunes

Acabou-se a estrada para o escocês voador. O homem que fez vibrar tantas pessoas à beira da estrada, na televisão ou a jogar Playstation durante horas encontrou o seu fim. Aqui por estes lados, o seu estilo de condução espectacular será lembrado enquanto a memória durar.
A sua disponibilidade e apreço pelos fãs tornaram-no num favorito das multidões que se deslocam por esse mundo fora para a beira da estrada para ver passar os carros num qualquer rally.
Morreu este sábado, dia 15, num acidente de helicóptero na sua propriedade na Escócia. Consigo estava o seu filho e mais duas pessoas, que infelizmente também não sobreviveram.
A voar, ironia das ironias, depois de ter passado toda a sua vida a enganar o povo, fazendo-nos crer que os seus carros voam. Sempre no limite, foi assim Colin McRae.
Venceu duas vezes em Portugal, em 1998 e 1999, uma vez no seu Subaru e outra no Ford Focus. Por cá deixa decerto uma legião de fãs, e os elementos do Zurraria não se esquecerão dele.
Sempre que se falar de rally, McRae estará na conversa.
15
Set07

Scolari e esclarecimentos

Pedro Guerreiro
Esclareço.
Os leitores em geral, ao Bada Bing, em particular.
Quando, na madrugada pós-murro-de-Scolari-na-boca-do-Dragutinovic("nem num cabélinho"), escrevi aqui: "Que merda de palhaçada!", estava pura e simplesmente a cagar - perdoem - pró murro-na-cara-de-Scolari-na-boca do outro. Tal como agora, aliás. O que me incomodou foram as opções técnicas do seleccionador e a atitude da equipa. A miserável perspectiva de qualquer treinador de bancada era que ia acontecer o que aconteceu. Scolari não o conseguiu discernir, e mais do que isso, ajudou a que isso acontecesse. Mas nem isso me faz pensar que Scolari deveria resignar. E tenho absoluta certeza de que não o fará. E, para cúmulo, é bem capaz de conseguir o apuramento, e mais uma grande prestação na fase final do Europeu, para chatear os rapazes (que são toda a gente, por esta altura...) das "cartas abertas a" e das crónicas que andam a reclamar a demissão do seleccionador.
Quanto à questão do murro do Scolari. Parece-me que não define a competência de quem quer que seja. Não alinho na cantiga dos pedagogos e dos exemplos para o país. Não me venham dizer a mim que o Domenech e outros que tais são pedagogos e exemplos para o país. A CGD dirá de sua justiça. O mérito que leva anexado ao curriculum não invalida que seja um perfeito idiota, o que, também neste âmbito, não cabe aos comentadores comentar,  - face a redundância, - nem parece que interfira no seu trabalho. Já falei uma ou outra vez da relação da questão da personalidade ou visão política com o mérito profissional de cada um. Não existe. Mas cito novamente. Heidegger era nazi. GGM pactua com Fidel. Polanski já violou. E continuem vocês que a mim aborrece-me.
Não me venham, por favor, com a cantiga da moral e dos valores.
A mim cansa-me.
Fique o Scolari ou não à frente da selecção, o que, pessoalmente, será mais ou menos indiferente.

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