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Zurraria - Dizem-me que aqui se escrevem coisas...

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14
Dez05

Designios e vazios...

Nuno Costa


(Qualquer dia revolto-me à séria: os censores estão a invadir o meu espaço. São muitos, alguns deles têm cara de mau e são misóginos e outro é de Alportel... já me chegavam os que tenho refundidos nas brumas do córtex encefálico que já me davam "água pela barba" agora vêem-me estes... guardem o lápis azul pah!)

Sinto-me mal, sinto um vazio dentro de mim. Não como nada há 12 horas. Estou a vegetar, a cadeira é confortável e a musica é boa podia ficar aqui durante horas. Mas não. Por desígnios de um ente superior, alguém está a tocar à campainha. Vou buscar o objecto afiado mais próximo: uma foice. Desço as escadas a pensar qual o melhor ângulo de penetração na visita. Penso duas vezes. Pouso a foice. Vou buscar a forquilha. A campainha exprime a sua revolta pelo facto de estar a ser constantemente pressionada. Não encontro a forquilha. Estou desarmado. Podia ir buscar qualquer outra ferramenta agrícola mas tenho um momento de reflexão: “Se alguém está a tocar à campainha por vontade de um "ente superior" não vou contrariar a Sua vontade, de certeza que não me mandaria ninguém a casa sem ter um objectivo. Nada é por acaso". Volto a descer as escadas e abro a porta: não está ninguém.
Subo as escadas, levo a foice para o quarto num estranho acesso de arrumação e responsabilidade, ponho-a em cima da cama. Volto a sentar-me na cadeira. Subo o volume da música. Sinto calor, muito calor. Ponho música natalícia. Passou. Continuo com a sensação de vazio. Não como há 13 horas.
Estou outra vez a vegetar, podia estar aqui a ouvir música durante horas. Toca o telefone. Está longe. Toca insistentemente. Penso que não devo ir. Tenho outro momento de reflexão: "Se o telefone está a tocar é por vontade de um "ente superior" não vou contrariar a Sua vontade. De certeza que o telefone não tocaria sem um objectivo. Nada é por acaso". Vou a correr, atendo. “Estou sim?” – do outro lado da linha vem uma resposta pouco amigável num tom de voz rude e assustador – “Tô, é da casa do Tóino?” - “Não” – respondo eu – “Atão deixa tar qué engano.”
Estou com dúvidas acerca de que, de facto, nada acontece por acaso, continuo à procura de um motivo plausível para o facto de me ter já levantado duas vezes da cadeira. Não encontro. Não sei se vou dar o benefício da duvida ao “lá de cima”.
Volto ao quarto. Recosto-me a ouvir música. Não me sinto bem. A sensação de vazio não passa. O meu estômago está a resmungar, não percebo porquê.
Oiço o telemóvel. Não está aqui. Não vou! É uma mensagem. Não me interessa. Não vou! Vou demonstrar ao omnipresente que tenho vontade própria!
Adormeço. Acordo quatro horas depois. Levanto-me, saio do quarto, vou buscar o telemóvel. Tenho a tal mensagem… leio-a. Uma determinada menina tinha-se lembrado que eu existia: “tão td bm o que me dizs a irms jantr os 2? Jinhux” (ai tam linde)… olho ao relógio: 0:00… (sem comentários…)
Fui comer. A sensação de vazio passou, não percebi porquê.

Saudinha da boa
(os textos aqui publicados, por mim, são pura estupidez e ficção, por incrível que pareça, houve alguém que teve duvidas disso…)

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